Quem Quer Dinheirooooo?
Fiquei pensando no que euzinha faria com tanta grana e não me distancio muito do que descrevi acima. Talvez não comprasse jóias, porque não gosto, nem demitisse meu chefe porque, autônoma que sou, eu mesma me emprego. Com certeza iria ajudar os menos beneficiados, mas não sem antes verificar o que esses poderiam dar em troca. Ou seja, não daria o peixe, ensinaria a pescar. Àqueles que, realmente, estivessem precisando de uma ajuda substancial e cuja realidade tocasse meu coração, eu daria mais do que a mão, talvez o braço inteiro.
Bem, após te contar que eu não fugiria do comportamento padrão do novo milionário, gostaria de levantar uma questão importante: por que será que alguns ganhadores da mega-sena ou qualquer outro tipo de loteria, perdem absolutamente tudo, em pouco tempo? Se você duvida, é só dar um Google e verificar que muitos milhões foram torrados com mulheres, fretamento de jatinhos, cirurgias plásticas, doação liberal a estranhos e
drogas, além de outros destinos para o dinheiro ganho inesperadamente. A explicação gira em torno do descontrole financeiro ligado à incapacidade de administração do patrimônio. Sim, é uma boa explicação, mas não vai ao fundo da questão. Quer aprofundar um pouco mais? Então, vem comigo!
Observemos esse assunto pelo prisma das Constelações Sistêmicas (http://psicologia.escritaquecura.com.br/constelacoes/). O dinheiro, na verdade, é um pedaço de papel que nos possibilita viver. Sem dinheiro, não comemos, não moramos, não vestimos. Portanto, o dinheiro é absolutamente indispensável às atividades humanas. E, se é indispensável, é energia que deve ser posta a serviço da vida. Nosso olhar para esse pedaço de papel, ao qual damos maior ou menor importância a partir do que nos foi passado pela nossa família, definirá se ele fica ou não em nossas mãos.
Na nossa cultura judaico-cristã, o dinheiro é visto de forma quase maléfica. Os ricos não entram no reino dos céus; para se ganhar a vida eterna, não basta cumprir os mandamentos, é necessário vender tudo e doar o dinheiro aos pobres; não se pode servir a dois senhores…Dessa forma, no inconsciente de alguns, é melhor permanecer pobre do que correr o risco de arder no fogo do inferno. Então, muitos, apesar de sonhar com abundância e prosperidade financeira, patinam no mar da pobreza e das dívidas, sem se ater que, inconscientemente, se agarram ao ideal religioso/cultural que lhes foi incutido desde sempre.
Além disso, para permanecer com quem o recebe, o dinheiro exige que a troca seja justa, para ambos – o receptor e o doador. Dessa forma, atendo meus clientes com o máximo de empenho. Sou estudiosa, engajada, interessada. Em contrapartida, estabeleço um valor de investimento pelos meus serviços. Assim, quem desejar me contratar deve ter em mente que precisará investir dinheiro e tempo em seu processo psicoterápico. Esse dinheiro que eu ganho, será posto a serviço da vida: compro legumes no sacolão, pago conta de luz, viajo ou tomo um sorvete delicioso. Simples, assim: vida! Porém, se me sinto recebendo mais do que dou, a vida dará um jeito de fazer com que meus reais escoem pelo ralo. Simples, assim, também. Quer um exemplo? Uma cliente recebeu um dinheiro inesperado, do qual não se achava merecedora. Na sessão de terapia, chorava, dizendo:
– Não fui eu que trabalhei, não fui eu que ralei…não mereço esse dinheiro…
O resultado é que roubaram o estepe de seu carro. Assim, o dinheiro que entrou por uma porta, saiu por outra, ao ser utilizado para pagar nova roda e um alarme mais potente. É como se a vida dissesse: “Não se acha merecedor/a dessa benção? Ok, então vai ficar sem ela!”
Pode ocorrer, também, que o emaranhamento esteja lá atrás, em algum antepassado que foi lesado ou foi o causador do dano. Vejamos: o bisavô de um cliente fez sociedade com um amigo, para administrarem, juntos, algumas terras produtivas e fazendas de gado leiteiro. Desentenderam-se algum tempo depois e o amigo saiu bastante prejudicado. Apesar da riqueza material, o avô foi um pouco mais pobre, o pai perdeu bastante dinheiro em negócios infrutíferos e meu cliente, ainda que fosse um profissional gabaritado e requisitado em seu meio, vivia de aluguel e se locomovia num carro com 10 anos de uso. Conseguia ganhar bem, mas não retinha e não multiplicava os ganhos. A Constelação mostrou-o inteiramente ligado ao amigo lesado e à família do mesmo, que passou por grandes necessidades financeiras. Portanto, enquanto meu cliente não deixou a cargo do bisavô a responsabilidade pelo que ele havia feito e não trouxe para dentro do coração o amigo e sua família, sua vida financeira não deslanchou. Hoje, passado algum tempo, já conseguiu dar entrada num apartamento e comprou um carro bem mais novo.
Trate Seu Sintoma Como Seu Amigo
Caro leitor:
em primeiro lugar, eu vou começar esse texto dizendo uma coisa muito louca, que pode parecer um disparate aos seus olhos: se você tem enxaqueca e sinusites frequentes, ansiedade, pânico, incapacidade de dizer não, baixa autoestima, irritação e mau humor, timidez excessiva, qualquer tipo de compulsão, depressão, doenças autoimunes, alergias, psoríase etoda a sorte de sintomas, quaisquer que sejam, trate seu sintoma como um amigo! Sim, porque, na dor, esses fenômenos estão querendo te levar ao amor.
Explico: quando os mares estão calmos e os céus, de brigadeiro, vivemos felizes na nossa zona de conforto. Mas, a qualquer agitação das ondas e turbulência aérea, somos instados a nos mover e procurar nos realocar no espaço. E isso, certamente, será fator de desenvolvimento, ainda que, à primeira vista, o caos se instale, trazendo um frio desconfortável na barriga.
No livro intitulado O Que a Doença Quer Dizer (A linguagem dos sintomas), de Kurt Tepperwein, percebemos a íntima correlação entre Psiquê e Soma, ou seja, entre o órgão afetado e o mal estar psicoemocional. Por exemplo, no caso de doenças autoimunes, que mecanismo faz com que a própria pessoa ataque seus próprios órgãos? Qual a origem inconsciente desse mecanismo? O que será que dói tanto que acaba por lesar as células humanas? Há que se ter bastante coragem para buscar os elementos que façam o cidadão sair de si mesmo e ir além, em busca da solução da questão. Porque o que ele pode encontrar acaba por não ser muito belo e agradável. A origem pode estar num abuso sexual ou emocional, na dor sentida pelo abandono paterno do lar, na entrega para a adoção. Fatos ocorridos há tempos mas que vêm se manifestar no presente, evidenciando que ainda não foram resolvidos.
Imaginemos, também, alguém que seja refém de enxaquecas repetidas. Luzes piscam ao redor e a dorzinha leve vai se insinuando até à prostração total. Analgésicos já não fazem muito efeito. Acabou a zona de conforto e o sujeito vai em busca de tratamento. Procura um neurologista e inicia a medicação prescrita. As crises tornam-se menos frequentes e o cidadão se alegra: Ufa! Tô livre!. Mas, dali a pouco, o temido pisca-pisca anuncia a aura da dor. Então, se a coragem for maior do que o medo, é hora de respirar fundo, parar e se perguntar: Quando dói a cabeça, o que, realmente, dói dentro de mim? Por que a cabeça pesa tanto e parece uma panela de pressão, prestes a estourar? Por que tantas minhocas, cobras, lagartos e preocupações ameaçando irromper, causando tanta dor? E, nessas reflexões, começa-se a perceber os músculos tensos, de tanto levar o mundo nas costas, tal e qual Atlas, o Titã da mitologia grega. E os diversos compartimentos do intelecto – lotados de problemas a resolver – e o HD cerebral, que precisa de sucessivos deletes, para não pifar. Daí, na dor, na tentativa de entender seu processo de evolução, o sujeito se move para a generosidade e para o amor por si mesmo.
Por isso, caro leitor, pense se o que escrevi inicialmente não faz todo sentido: Trate seu sintoma como um amigo! Pois sua função é te alertar para o fato de que, se algo não vai bem, sua tarefa é descortinar o significado dessa situação. A dor é necessária para te tirar do lugar, provocar uma reviravolta, de modo que você desligue o alarme berrante imediatamente. I-me-di-a-ta-men-te. Porque alarmes berrantes, ouvidos durante muito tempo, ou tendem a nos ensurdecer ou tendemos a nos acostumar com seu som estridente. E nenhuma dessas alternativas é saudável.
Learn MoreMetamorfose
Aceitava migalhas. Dos pseudoamigos, das pseudo-namoradas, de todo mundo. Não era prazeroso receber quase nada, mas era melhor do que ser esquecido e rejeitado. Sentia-se inadequado e, por isso, era muito disponível. Colocava os desejos alheios à frente dos seus, até porque nem sabia que desejos tinha. Tanto que protelava, postergava, empurrava com a barriga as atividades que poderiam trazer-lhe sucesso e bem estar. Estava triste, reclamão, vitimizado por si próprio. Então, escondeu-se atrás de uma camada grande de gordura, que lhe servia de isolante perante às relações interpessoais. Devorava pizzas e lazanhas industrializadas, sozinho, no pequeno apartamento em que vivia, em frente à televisão, que lhe mostrava uma vida feliz, à qual não tinha acesso. E assim, viveu por anos, como um gato correndo atrás do próprio rabo.
No começo da psicoterapia, pensei: “o que vou fazer com esse moço? Como vou conseguir levá-lo à reflexão de que temos que ser responsáveis por nossas escolhas e que o papel de vítima esconde alguém que não quer arregaçar as mangas e trabalhar?
Foi preciso tempo, um ano inteiro de sessões semanais. Foi preciso a formação de um vínculo forte, em primeiro lugar, no qual ele sentiu que eu não o julgaria, não condenaria, não me assustaria com nada do que ele me dissesse. Foi preciso acolhê-lo na sua dor, que havia tido início na adolescência, ainda que ele mesmo não se desse conta disso. Foi necessário voltar lá atrás, nos primórdios de sua existência para, pouco a pouco, senti-lo se posicionar e dispensar os parasitas que o rodeavam. Abandonar vínculos tóxicos que lhe davam a falsa sensação de pertencer. Eu o vi tomar a decisão de eliminar os pesos da vida, emagrecer, mudar para um apartamento mais colorido, mais arejado e mais iluminado e apresentar trabalhos na universidade, situação que havia postergado insistentemente. Na última sessão, estava sorridente, leve, a expressão facial serena de quem descobrira que poderia se apossar de si mesmo. Ainda com medo, claro – afinal, só os idiotas não têm medo! Mas muito mais assertivo e senhor de si.
Estou ansiosa pela próxima sessão!
Learn MoreE se…?
– Que absurdo, o senhor não tem vergonha, não? Não viu a placa de PARE? O senhor avançou a faixa, a preferência era minha! Que coisa horrorosa! O senhor bebeu, eu estou sentindo seu hálito! Olha aí, não consegue nem falar direito! Que absurdo!
Aos Pitbulls, juntaram-se meus Rottweilers e meus Dobermans interiores. Furiosíssima, despejei impropérios em cima do homem. E assim continuei por um bom tempo, ao falar com o corretor de seguros do mesmo.
– Que absurdo! Como é que vocês fazem seguro pra um homem bêbado desses, a essa hora da manhã?
Visivelmente frustrada, desisti de ir trabalhar e, num calor infernal, fiquei esperando o reboque, já pensando nas consequências da ausência do carro, pelas próximas semanas.
E me pus a pensar na labilidade da vida. Você planeja seus dias, suas férias, sua aposentadoria e, num segundo…ploft! Seu castelo de areia desmancha.
Conheci um senhor cujo caso me impressiona até hoje, não obstante ele já tenha partido há vários anos. Iria aposentar-se dali a pouco mas, antes da retirada final, deveria gozar vários meses de férias-prêmio. Despediu-se de todos, no último dia de trabalho, preparando-se para o primeiro dia de liberdade. Que não veio. Pois ele faleceu no dia seguinte. O resultado é que, não tendo gozado as férias a que tinha direito, a instituição teve que pagar um dinheirão para a família. Não creio que tenha se importado pois, pela minha crença, no lugar onde ele se encontra, não há espaço para materialismos.
Minha programação para a quinta-feira era ter um dia tranquilo de trabalho. Não foi o que ocorreu e ainda tenho que agradecer a Deus o fato de não ter acontecido coisa pior. Poderia estar escrevendo, agora, do alto de uma cama hospitalar. Benza Deus!!!
Fiquei matutando, também, sobre o “se”: e se eu tivesse saído 5 minutos mais cedo? E se eu tivesse saído 5 minutos mais tarde? E se eu tivesse feito outro caminho? E se Deus tivesse querido me livrar desse acidente? E se…..? E se….? Bem, caro leitor, o “se” não existe. É condicional e, como expõe o dicionário, “contém, implica, é sujeito a ou dependente de uma condição; incerto, condicionado…. que expressa condição ou suposição; que introduz, contém ou implica uma suposição ou hipótese.”
Se quisermos, podemos acrescentar uma lista infindável a essas condições: E se eu não tivesse me casado? E se eu tivesse me casado com outra pessoa? E se eu tivesse tido filhos? E se eu não tivesse tido filhos? E se eu tivesse passado no concurso? E se eu tivesse largado o emprego? E se minha mãe não tivesse morrido? E se o Lula não tivesse sido eleito? E se a Dilma não tivesse sofrido o impeachment? E se eu tivesse me mudado do País? E se eu tivesse nascido em outro País? Angustiante, não é mesmo? Pois a vida dilata-se, contrai-se, estreita-se e segue em curvas, retas, altos e baixos, num piscar de olhos.
Mil perguntas que nunca serão respondidas. O cinema bem que tenta dar sua versão para o condicional. A Dona da História, O Feitiço do Tempo, Duas Vidas, De Volta Para o Futuro e outros tantos filmes demonstram como essa questão povoa o imaginário humano.
Mas não existe “ E SE…?”, não existe mais passado, nem tampouco o futuro. Existe o acontecendo, o agora. E que possamos ter discernimento para ter sobriedade, serenidade e tomar as atitudes mais adequadas quando o presente nos frustra. Certamente, aprendi bastante com essa batida” da vida.
Quem Não Se Comunica, Se Trumbica – Parte 2
Estava tudo pronto para a viagem à França: passaportes em dia, euros comprados, roteiro feito. Ficariam alguns dias em Paris, depois seguiriam para o Vale do Loire e desceriam à Provence. Ela, o marido e os filhos adolescentes. Não cabia em si de satisfação, já que sonhava com essa viagem desde menina.
Pouco tempo antes, o sogro adoeceu e o quadro foi se complicando. A viagem estava ameaçada até que decidiram abortá-la.
Um ano depois, ela assiste TV, quando, zapeando, encontra um programa sobre viagens e…voilà! Vive la France! Os tonéis de vinho, as papoulas, os castelos medievais invadem sua retina. Quase chega a sentir o perfume dos campos de lavanda. Em êxtase, ela diz ao marido:
– Acabei de ver um programa sobre a França! Você não imagina a beleza daquilo! Vamos reativar a ideia da viagem, vamos, vamos?!? Eu preciso disso!!!
O marido, face contristada, dispara, ríspido:
– Eu não vou pensar nisso agora! Tenho coisas mais importantes a fazer nesse momento.
Ela murcha. Sofre. Esquece os campos de girassóis, esquece até mesmo o amor que sente pelo seu par. E retira-se desajeitadamente, zonza de tristeza.
O marido, na sala ao lado, repensa. Sabe que foi grosso, mas não conseguiu agir de outra forma. Na semana anterior, executivo de uma grande empresa, tivera que demitir 32 funcionários e, desde então, não conseguia dormir tranquilo, pensando nos pais de família que teriam dificuldades para sustentar sua casa. Como pensar em viagens se se sentia responsável pela falta do pão nas mesas alheias? Respirou fundo e decidiu esperar, até que a poeira assentasse.
Corte rápido para refazer a cena:
– Acabei de ver um programa sobre a França! Você não imagina a beleza daquilo! Vamos reativar a ideia da viagem, vamos, vamos?!? Eu preciso disso!!!
– Olha, você sabe que tive que demitir 32 funcionários na semana passada, não sabe? Estou com a consciência pesada, mesmo sabendo que não tinha outro jeito. Estou me sentindo culpado, então não tenho a mínima condição de pensar em viagem agora.
– É, eu entendo. Me desculpe, eu fiquei empolgada demais e não entendi sua dor.
– Eu sei que essa viagem é muito importante pra você. Você me dá um tempo, até eu me restabelecer? Daí, então, a gente volta a pensar no assunto.
– Claro! Eu posso fazer alguma coisa pra te ajudar nisso? Te ouvir, fazer um chazinho de camomila, fazer um cafuné?
– Pode! (sorrindo e abraçando a esposa) Ficando ao meu lado.
– Isso eu vou fazer sempre!
– Eu te prometo que, assim que resolver isso comigo mesmo, voltamos a falar sobre a viagem, tá bom?
– Quanto tempo você acha que vai precisar para metabolizar essa questão?
– Não sei, talvez na semana que vem já dê pra gente conversar. Eu te digo, tá?
– Tá! Eu te amo!
– Eu também te amo!
Beijaram-se, carinhosamente, e tal e qual o conjunto da interseção da matemática, cada um seguiu seu caminho mas, em comum, tinham o desejo de fazer bem ao outro.
Learn MoreQuem Não Se Comunica, Se Trumbica
Com a mãe adoentada e sem cabeça para muita coisa, ela comunicou aos colegas de trabalho:
– Ó, vocês não precisam contar comigo essa semana, hein?
No dia seguinte, ao chegar ao seu posto, foi recebida com surpresa:
– Ué! você não disse que não vinha trabalhar essa semana?
– Eu? Eu, não! Quem falou isso?
– Você! Ontem!
– Ah, mas eu não disse que não vinha trabalhar, eu disse que vocês não precisariam contar comigo essa semana.
– E não é a mesma coisa?
– Claro que não! Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa, totalmente diferente.
Os colegas a fitaram, com cara de tacho. E ela se pôs a pensar no que tinha dado errado na sua mensagem.
Dizem os teóricos da comunicação que alguns elementos são essenciais, quando desejamos transmitir uma mensagem mas, muitas vezes, nem sequer os notamos. São eles:
Emissor – aquele que emite, ou seja, que pronuncia ou envia uma mensagem. Também é chamado de remetente.
Receptor – aquele que recebe a mensagem enviada pelo emissor. Como a mensagem é destinada a ele, também é chamado de destinatário.
Mensagem – o conteúdo que é enviado.
Código – o modo como a mensagem é transmitida (escrita, fala, gestos, etc.)
Canal – a fonte de transmissão da mensagem (revista, livro, jornal, rádio, TV, ar, etc.)
Contexto – situação que envolve emissor e receptor
O que acontece, muito frequentemente, é a ocorrência de ruídos na mensagem, ou seja, ela não é explicitamente clara a ponto de ser entendida por quem quer que seja. Os mais velhos (ou, se quiserem, experientes) deverão se lembrar das antigas televisões em preto e branco, que apresentavam “chuviscos” na tela, fato esse contornado com a colocação de um Bombril na antena. Isso acontecia porque o aço, como material condutor, alterava o perfil das correntes elétricas no interior daquela, fazendo com que passasse a captar os sinais transmitidos em todas as direções. Então, uma antena que não estivesse alinhada poderia repassar sinais mais completos. Em bom português, os ruídos diminuíam e a mensagem chegava ao receptor de forma mais perceptível.
E por que os ruídos na mensagem aparecem? Porque o emissor não soube expressar-se de forma bastante detalhada e compreensível mas, também, porque o receptor, muitas vezes interpreta a situação de acordo com o que carrega dentro de si. Então, não poder contar com a colega durante a semana é traduzido como a sua ausência ao trabalho. Por isso, a surpresa com a sua presença.
Além desses elementos da comunicação, também temos a forma e o conteúdo da mensagem. Podemos machucar tremendamente alguém, com palavras ferinas emitidas pela voz mais doce do mundo. Ao contrário, podemos falar grosso para dizer algo bastante meigo. O duro é quando a forma e o conteúdo se juntam para magoar a alma do interlocutor.
Já dizia Chacrinha* que “Quem não se comunica, se trumbica”. Quantos relacionamentos terminados, quantas amizades desfeitas, quantos empregados demitidos por causa da dificuldade em se expressar…Certamente já aconteceu com todos nós.
E o que fazer? Primeiramente, investir no autoconhecimento, de modo a saber quais são seus desejos, limites, aspirações, dúvidas, medos etc. Sabendo disso tudo (sim, meu caro, dá trabalho ser gente da melhor qualidade!) e elaborando seus devidos aspectos, dizer exatamente, com todas as linhas, o que se pretende que o outro entenda. De forma gentil, mas assertiva. Sem receios. E solicitar um feedback: “Eu quis te dizer isso. Me diga o que você entendeu a respeito. Você acha que consegui me explicar?” E ser humilde para esperar a resposta. E reavaliar sua conduta, se algo saiu errado. E começar tudo de novo, se precisar. Fácil? Não! Dificílimo! Para que tudo dê certo, vale até colocar um Bombril no ar, no computador, no celular, de modo a se reduzir os ruídos.
*José Abelardo Barbosa de Medeiros, mais conhecido como Chacrinha (Surubim, 30 de setembro de 1917 — Rio de Janeiro, 30 de junho de 1988), foi um comunicador de rádio e televisão do Brasil, apresentador de programas de auditório de grande sucesso das década de 1950 a 1980. Foi o autor da célebre frase: “Na televisão, nada se cria, tudo se copia”. Em seus programas de televisão, foram revelados para o país inteiro nomes como Roberto Carlos, Perla, Paulo Sérgio e Raul Seixas, entre muitos outros.
Learn MoreEquilíbrio Entre o Dar e o Receber
Lúcio adorava a mulher. Não havia o que ela não desejasse que ele não fizesse. Amor, atenção, carinho, carro novo, viagens, tudo a tempo e à hora. Ele praticamente lhe adivinhava os pensamentos e a surpreendia constantemente. Surpreendia tanto que ficou previsível e Ana, a esposa, começou a entristecer-se e afastar-se. Lúcio notou e, ansioso, pensava o que mais poderia fazer para que ela se sentisse feliz. E, nessa busca, se perdeu. Foi quando Ana, triste e distante, propôs uma DR (pra quem não sabe, Discutir a Relação). Lúcio tremeu, pressentindo a tempestade que se aproximava. E ela veio, violenta: Ana queria a separação. O marido não entendeu, pois vivia para a mulher.
– O problema é exatamente esse! Você me sufoca! Não me dá espaço! Não me deixa nem sentir sua falta. Você, Lúcio, você me dá demais. E eu não posso corresponder a esse excesso.
Na hora, Lúcio não compreendeu o soco no estômago. A bem da verdade, passaram-se alguns meses até que a ficha começasse a cair. Os amigos e a família também ficaram atônitos. Aliás, execraram Ana pois, afinal de contas, Lúcio era o marido perfeito que ela, sem cerimônia, havia jogado no lixo. Uma bruxa ingrata, eram os adjetivos mais suaves dirigidos à Ana.
A frase passou muito tempo ressoando nos ouvidos do ex-marido: nos pesadelos, ao acordar pela manhã, no meio de uma reunião de trabalho: Você me dá demais e eu não posso corresponder a esse excesso…você me dá demais…”
O que Lúcio desconhecia é o equilíbrio entre o Dar e o Receber, uma das Ordens do Amor postuladas pelo genial criador das Constelações Sistêmicas, Bert Hellinger (as outras duas ordens são o Pertencimento e a Hierarquia). Assim, quando um dá demais e se recusa a receber, acreditando que somente amar é suficiente, com o tempo passará a ressentir-se e a relação ficará desgastada. Quando isso acontece, é possível que o que recebeu demais possa agir de três formas:
1- Reconhecer tudo o que recebeu e agradecer por isso;
2- Atacar quem muito deu para diminuí-lo, de modo a criar no doador uma sensação de inferioridade que ele – o receptor – também sente;
3- Abandonar a pessoa que deu demais por não suportar receber os excessos ou sentir-se incapaz de se doar na mesma intensidade. É dessa forma que surgem alguns casos de traições.
Para Hellinger, em relações de amizade e conjugais, um dá e o outro recebe. O que recebe fica grato e, de certa forma, em dívida. Portanto, sente-se compelido a dar de volta. Então, quem recebe dessa vez, sente-se endividado e irá retribuir. Isso irá gerar uma espiral ascendente e crescente, na qual o amor poderá florescer mais e mais.
A engrenagem do relacionamento entre Lúcio e Ana emperrou quando ele – por questões individuais e sistêmicas/familiares – excedeu-se, julgando que, dessa forma, teria a esposa para sempre. E ela – também por questões próprias e familiares – não conseguiu retribuir à altura, gerando um desnível entre os dois. Assim, o que Lúcio tanto temia – perder Ana – acabou acontecendo. E acontece com muitas pessoas que inferem que, se se anularem em prol do outro, terão garantias permanentes. Mas a vida…ah, a vida!…só pode nos prometer escolhas e as subsequentes responsabilidades perante as mesmas.
Ah, o que aconteceu com Lúcio? Atualmente está namorando e sentindo-se muito feliz. Mas, entre a separação e o momento atual passaram-se alguns anos, nos quais ele decidiu se autoconhecer para não cair em novo buraco. Até agora, está dando certo. Quanto à Ana, não tive mais notícias. Mas, de antemão, afirmo que precisará aprender a dar um pouco mais. Se essa for a escolha dela.
Learn MoreHIERARQUIA – a segunda lei das Constelações Sistêmicas
Janaína é uma mulher bonita, de 36 anos, mãe de uma adolescente de 16. Por ter tido a filha bem jovem, sente que a vida lhe roubou algo e, agora, quer tirar o atraso. Separada há algum tempo, é presença constante nas baladas noturnas. A estabilidade financeira lhe garante acesso aos melhores restaurantes, bares e hotéis. Janaína, não raro, volta para casa de madrugada, geralmente alcoolizada.
Camila, a filha, é um poço de responsabilidade: não fuma, não bebe e não consegue iniciar um relacionamento amoroso, apesar de, linda como é, ter muitos pretendentes. Os finais de semana da menina são povoados de preocupações excessivas com a mãe: Onde ela estará? Com quem? Estará bebendo? Vai voltar a que horas? Camila zapeia a mãe insistentemente. Janaína não responde. A filha, aflita, telefona. A mãe atende irritada: “Camila, pelamordedeus! Sai do meu pé! Vai cuidar da sua vida! Tô aqui me divertindo e você me enchendo! Tchau! Fui!”. Camila não dorme enquanto a mãe não chega e maldiz cada fim de semana, que lhe tira a paz por completo. Já está toda atrapalhada nos estudos e os amigos já não lhe convidam para sair, porque sabem que ela rechaçará a ideia. Atém disso, Camila briga com a mãe, chamando-a de louca e incompetente. Camila sente raiva de ter de suportar tamanha carga.
Eu sei o que você está pensando, ao ler essa descrição de parte da vida dessas duas mulheres: “Nossa, que coisa esquisita! Não está havendo aí uma inversão de papéis? Não era para a mãe estar no papel da filha e vice-versa? Por que Janaína é tão tresloucada e Camila tão séria e responsável? Essa menina não está vivendo a adolescência dela! É isso que dá não viver as etapas no tempo certo, depois a pessoa fica querendo tirar o atraso. Bah!!!” Acertei? É isso o que você pensou? Pois, bem! Você está corretíssimo na sua análise.
Para as Constelações Sistêmicas, ferramenta de cura criada pelo alemão Bert Hellinger, a Hierarquia diz respeito a quem chegou primeiro na família. Os bisavós chegaram antes que os avós, que chegaram antes que os pais, que chegaram antes que os filhos. Portanto, devem ser olhados com respeito, pois é através deles que a família se constituiu e se mantém. Essa é a primeira lição que Camila deveria receber: ainda que seja muito difícil, deve tentar não julgar a mãe e deve abster-se de referir-se à ela com adjetivos pejorativos.
A segunda lição para Janaína e Camila é que a primeira deve ser mãe e a segunda precisa entrar no papel de filha. Na prática, isso quer dizer que a mãe precisaria refletir que houve, sim, uma opção pela maternidade ainda jovem e, dessa forma, deveria ser responsável pelos cuidados com Camila. E a menina precisaria liberar a mãe para assumir suas próprias escolhas. Portanto, as consequências de chegar alcoolizada em casa, tarde da noite, deverão ser assumidas por Janaína. Se Camila conseguir entregar para a mãe a responsabilidade por seus atos, sem julgar, sem controlar, sem se intrometer, poderá voltar para seu lugar de filha e olhar para seus estudos e relacionamentos sociais e amorosos.
Ocupar um lugar que não é seu é um sugador de energia e um desrespeito ao Sistema Familiar. Muitas pessoas não sabem disso e flanam pela vida altamente incomodadas, sem se dar conta da sua verdadeira posição. Sabe aquele seu irmão caçula que se gaba de ser mais competente que você em vários aspectos? Aquele seu amigo que adora dar ordens aos próprios pais para que sejam assim ou assado? Estão fora de lugar e carregam um peso que não é seu.
Caso você tenha se identificado com Janaína, Camila, seu irmão ou amigo, saiba que pode clarear seu caminho através de uma sessão de Constelações Sistêmicas. Pode apostar que, a partir daí, a vida fluirá com mais leveza.
Learn More