
Vício Virtual
Segundo dados da web (é só dar um Google no próprio Google e verificaremos a veracidade das informações), a internet chegou ao Brasil em 1988, por iniciativa da comunidade acadêmica de São Paulo (FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e Rio de Janeiro – UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e LNCC (Laboratório Nacional de Computação Científica). Portanto, está completando 29 anos em terras brasileiras.
De lá pra cá, evoluímos, em termos de comunicação, muito mais do que nas centenas de anos passados. Basta lembrar que, em 1822, D. Pedro I separou Brasil de Portugal, após receber uma mensagem de José Bonifácio de Andrada e Silva e que aquela, certamente, deve ter levado vários dias para chegar às margens do Riacho Ipiranga, em São Paulo. Não posso deixar de imaginar – e sorrir – ao pensar que, nos dias de hoje, D. Pedro teria proclamado a nossa independência com um “click” no mouse.
Porém, a facilidade de conexão atual traz consequências que devem ser pensadas, repensadas e analisadas, sob a ótica da semeadura: se desejamos colher maçãs, devemos pensar em semear sementes de maçãs. Explico: as vantagens internéticas são inúmeras e não serei redundante em nomeá-las. Eu mesma usufruo delas, atendendo clientes em várias partes do País e do mundo. Mas, e quando os malefícios se sobressaem? Vejamos alguns: A Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais (UFMG), através do Departamento de Saúde Mental e do Ambulatório de Dependências Químicas do Hospital das Clínicas, realizou uma avaliação do risco de dependência de smartphones em estudantes universitários.
A pesquisa foi feita entre 2014 e 2016, com 415 alunos da UFMG e cada um deles respondeu a um questionário com 26 itens relacionadas ao uso de celular, como, por exemplo “Eu me sinto inquieto e irritado quando não tenho acesso ao smartphone” ou “Em mais de uma ocasião, eu dormi menos que quatro horas porque fiquei usando o smartphone”. Quem marcou sete ou mais questões como sim, tem alto risco para dependência e deveria procurar ajuda profissional.
O que acontece é que o contato virtual provoca estímulos que atingem o sistema de recompensa do cérebro, liberando dopamina, o neurotransmissor que provoca prazer. Como consequência, há a necessidade de repetição do comportamento, em busca dessa sensação de alegria e contentamento ou para afastar sentimentos negativos, como solidão, tristeza e ansiedade. Como dizia Freud, o aumento da tensão é sentido como desprazer na mente humana e o prazer surge da diminuição/alívio da tensão. Assim, a mente humana tende a afastar o desprazer, mesmo que isto custe a negação da realidade e a buscar o prazer como propósito de vida.
Mas, quais são as consequências negativas de tal busca equivocada? Várias! Podemos, didaticamente, enumerá-las:
Insônia e cansaço;
Perda de emprego;
Improdutividade nos estudos;
Perda de concentração e foco;
Isolamento social;
Dificuldades visuais;
Dores articulares (punho, mãos, coluna cervical);
Inibição social;
Baixa autoestima por comparação com as celebridades” de smartphones;
Sensação de dependência do gadget e ansiedade;
Término de relacionamentos, sejam estes de amizade ou amorosos;
Atropelamentos e mortes..
Bem, creio que este elenco basta para refletirmos sobre o que fazer:
Reconhecer-se dependente;
Desejar libertar-se dessa dependência e eliminar os excessos;
Buscar ajuda profissional.
Fácil? Nada é fácil, quando se trata dos dramas humanos. Porém, como tudo na vida, há que se fazer escolhas e fazer uma prospectiva do futuro: Como desejo estar daqui a 1 ano? 2 anos? 5 anos? Escolher e arcar com as consequências dessas escolhas. Plantar sementes de maçãs não nos fará colher bananas.
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