
Nem Todo Nascimento Gera Alguém
Minha filha caçula, que acabou de iniciar a faculdade de psicologia, está estudando neuroanatomia e eu a estou ajudando a entender o sofisticado e lindo processo de gerar um ser humano.
Entre nomes complicados, como folhetos embrionários, notocorda, clivagem etc, eu me peguei pensando sobre o nascimento biológico e o nascimento psíquico.
O 1° é fácil de entender: o bebê sai do útero materno, chora e pronto, nasceu.
Já o 2° é bastante complexo: aquela criatura indefesa precisa de um adulto responsável que o alimente, troque suas fraldas, o aqueça e, mais do que isso, implante nele a vontade de viver.
O bebê precisa que a mãe o beije, abrace, aconchegue, que lhe diga que ele é a coisinha mais linda do mundo, que ria para ele, que o amamente ou lhe dê a mamadeira e o olhe diretamente nos olhos, com imensa ternura.
Se algum incidente acontece nesse percurso – o bebê fica retido no hospital ou a mãe tem depressão pós-parto, por exemplo – a sensação da criança é de ter sido abandonada, é de não ser suficientemente boa para tomar a vida com alegria.
E quais as consequências disso? Poderá existir, posteriormente, alguma lacuna que poderá se traduzir em baixa autoestima, agressividade e carência afetiva, além de outros sintomas maiores.
E como essas questões se manifestam, na prática? Eis alguns exemplos:
Uma pessoa começa a namorar alguém que claramente não a trata bem, mas aceita qualquer migalha de atenção porque tem medo de ficar sozinha. Isso pode resultar em relações abusivas ou insatisfatórias.
Alguém precisa constantemente da validação do parceiro, dos amigos ou da família para se sentir bem. Se não recebe mensagens frequentes ou elogios, fica ansioso(a) e inseguro(a).
A pessoa exagera no uso de redes sociais, postando constantemente para receber curtidas e comentários, pois isso traz uma sensação momentânea de preenchimento emocional.
Alguém evita expor sua opinião ou dizer “não” para não desagradar os outros, mesmo que isso vá contra seus próprios valores e necessidades.
Para suprir a falta de afeto, a pessoa pode desenvolver hábitos como comer compulsivamente, gastar dinheiro de forma impulsiva ou até se envolver em relacionamentos casuais sem critério, apenas para sentir conexão momentânea.
A pessoa sente um grande desconforto quando está sozinha e precisa sempre estar cercada de gente, mesmo que sejam companhias tóxicas.
Todas as pessoas que tiveram alguma carência pós-nascimento desenvolverão esses quadros? Não, porque cada ser humano é único e somos formados por uma variedade de facetas.
Porém, caso haja alguma identificação com essas questões, é vital buscar ajuda psicológica, para que as feridas abertas não continuem a sangrar.
Learn MoreO Maior Segredo Para Ter Bons Relacionamentos
Todos os relacionamentos passam pelo autoconhecimento.
Saber o que você gosta, o que não gosta, o que tolera, o que não tolera, para onde deseja ir, seus valores, suas crenças e desejos farão toda a diferença na qualidade e leveza das suas relações.
Como conseguir um autoconhecimento maior e melhor?
Faça a você mesmo (a) as perguntas acima. Se puder escrever as suas respostas, melhor ainda.
Esse é o maior segredo para se ter relacionamentos que valham a pena.

Você Está Esgotada Porque Diz “Sim” Pra Tudo
Pessoas sobrecarregadas, geralmente mulheres. É uma das situações que eu mais encontro no consultório.
Cansadas porque não conseguem dizer “não”. Elas têm medo, desconhecimento a respeito de seus desejos, sensação de menos valia, dificuldade em bancar suas escolhas e, muitas vezes, orgulho de ser “pau pra toda obra”.
O que será que fulano vai pensar de mim se eu me negar a fazer isso?
Não serei amada, se não fizer o que estão me pedindo e isso é algo que eu não posso suportar.
Ah, mas não é tão importante assim esse meu compromisso, posso desmarcar porque a demanda do outro é muito mais urgente.
Nossa, não quero criar conflito, não aguento gente brava comigo, então é melhor fazer o que estão me pedindo.
Na verdade, não sei bem se quero isso ou não, então vou fazer o que o outro acha que é certo.
E se eu bancar o que estou querendo? Vou ter que assumir se tudo der errado, então é melhor eu seguir o conselho de fulano.
Adoro ser chamada pra tudo. Me dá sensação de ser muito querida! Me dá muito poder!
E seguem pela vida afora, chorosas, depressivas, com insônia e a sensação de sempre ser abusadas, até mesmo pela própria família.
A pessoa já se acostumou tanto a ser assim que sofre mas, muitas vezes, prefere estacionar no sofrimento do que arregaçar as mangas e tentar entender de onde vem tudo isso.
E o que fazer? Reconhecer que, talvez, não dê conta sozinha, de resolver a situação e precisa pedir ajuda. É preciso coragem para mergulhar pra dentro de si mesma e se auto-conhecer. É preciso coragem para encarar uma psicoterapia.
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Construindo Um Relacionamento Feliz – Parte 2
3) Acredito que exista uma certa ingenuidade a respeito das relações amorosas. As pessoas tendem a pensar que só o amor sustenta a relação. Se você me ama e eu te amo, então tudo ficará mais fácil. Venceremos o mundo juntos! Só que, na prática, não é assim que acontece.
No texto escrito pelo jornalista Artur da Távola, que se intitula Só o Amor Não Sustenta a Relação, ele diz que entre “marido e mulher, por não haver laços de sangue, a sedução tem que ser ininterrupta… por não haver nenhuma garantia de durabilidade, qualquer alteração no tom de voz nos fragiliza e de cobrança em cobrança acabamos por sepultar uma relação que poderia ser eterna… É necessário respeito, agressões zero, paciência, disposição para ouvir argumentos alheios… amor só não basta… não pode haver competição e nem comparações…tem que haver jogo de cintura…disciplina para educar filhos, tem que ter inteligência, um cérebro programado para enfrentar rejeições, demissões inesperadas, contas para pagar…”, ou seja, tem que ter sabedoria quando a crise se instala.
Nesse mesmo texto, o autor escreve que, muitas vezes, temos que fazer de conta que não ouvimos e não vemos os fatos mais superficiais, sob pena de entrar em discussão pelas mínimas coisas.
4) Pegando um gancho no tópico acima, conto agora uma historinha:
Era uma vez um casal que estava indo jantar, pela primeira vez, na casa de amigos. Não conhecendo bem o endereço e com o marido dirigindo, a esposa disse:
– Eu acho que você tem que entrar na primeira direita.
O marido retrucou:
– Não, eu acho que é a segunda à direita.
E assim ele fez e deu uma volta enorme, acabando por se perder.
Retornaram ao ponto de partida e ele resolveu seguir a sugestão da esposa, entrando na primeira rua à direita. Surpreendentemente, encontraram o prédio.
O homem desligou o carro e perguntou:
– Se você tinha tanta certeza que era a primeira à direita por que você não insistiu comigo, pro que não bateu o pé? Não teríamos que ter dado essa volta toda.
Então, a mulher, ajeitando o cabelo disse:
– Meu querido, o clima estava muito bom entre a gente. Se eu teimasse, acabaríamos brigando por isso e era tudo o que eu não queria. Portanto, eu não quero ter razão, EU QUERO SER FELIZ!
Fica a dica: Não precisamos discutir sobre absolutamente tudo. Devemos saber a diferença entre o supérfluo e o fundamental. Deixar passar as situações periféricas, para nos concentrarmos no que não podemos, mesmo, abrir mão. Mas isso exige um profundo autoconhecimento.
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Construindo Um Relacionamento Feliz – Parte 3
Continuando nossa prosa, falemos agora sobre os mitos do relacionamento:
5) “Encontrei a minha metade da laranja”
Muito lindo isso, mas pouco funcional. Novamente vigora a ideia do amor romântico, aquele que supre e suprirá todas as nossas carências, não deixando lugar para a mínima infelicidade. Na prática, essa convicção só gera frustração, pois todos nós – todos nós!!! – somos seres humanos incompletos. Tive um professor de psicanálise que dizia que, a partir do momento em que saímos da barriga da nossa mãe e o médico corta o cordão, passamos o resto da vida tentando acoplar esse côto umbilical nas outras pessoas e nos objetos, de forma a minimizar a ideia de incompletude. Mas a sensação de plenitude que gozávamos no útero materno jamais – jamais!!! – retornará. Então vamos nos iludindo que existirá, em algum lugar do mundo, aquele ou aquela que será nossa alma gêmea. Quantos relacionamentos desfeitos por causa dessa ideia equivocada! Ao mínimo sinal de frustração, que com certeza virá, esvai-se a imagem da laranja completa.
Um relacionamento funcional e equilibrado exige entender que o outro é tão imperfeito e incompleto como eu também sou e, por isso mesmo, também está à procura de completude e não poderá preencher absolutamente ninguém. Maturidade pressupõe entender que tenho que ser inteiro, tenho que conhecer minhas potencialidades e limites para que possa manter um relacionamento saudável – comigo e com os outros. É bastante doído desistir desse idílio amoroso, mas é absolutamente vital que o façamos, para termos uma vida mais próxima da realidade;
6) “Encontrei meu príncipe/ princesa encantado(a)”
Dizem que a culpada de as mulheres acreditarem no príncipe encantado é a Disney; e que a culpada de os homens acreditarem na mulher ideal é a Playboy. Pois, é…nenhum dos dois existe, a não ser na nossa imaginação e, com esta, fazemos o que queremos.
Todas as histórias da Disney dizem de uma princesa lânguida que é salva por um príncipe maravilhoso, que a resgata de seu destino trágico. Mas, será que, nos dias de hoje, alguma mulher tem que ser salva por tão distinto cavalheiro? As mulheres trabalham, se viram, sustentam casa mas continuam imaginando que a vida seria bem mais fácil se fossem amparadas pelo homem perfeito, lindo e rico. Essa cena, por mais bem resolvidas que sejam as mulheres, ainda povoa o imaginário feminino. E os homens – os latinos, pelo menos – ainda acreditam que sua mulher perfeita será uma exímia profissional, dona de casa exemplar, mãe dedicada e ainda, entre 4 paredes, um vulcão sexual.
É uma canseira posar de perfeito(a), seja o príncipe garboso, seja a doce princesa.
Melhor, mais verdadeiro, mais honesto, é não exigir do outro – e nem de si mesmo(a) – a conduta diária irretocável. Até porque NÃO existe o “casaram e foram felizes para sempre”. Melhor dizer: “Casaram e seguiram pela vida, batalhando por sua felicidade, todos os dias de sua existência”
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Construindo Um Relacionamento Feliz – Parte 4
7) Estamos aqui falando de relacionamentos heterossexuais, ok? Não iremos pelo viés dos relacionamentos homoafetivos, porque exigirá uma outra linha de raciocínio. Portanto, vamos nos deter nas diferenças emocionais entre homens e mulheres.
Vejam só: homem é, anatomicamente falando, pra fora. Além disso, é criado para o mundo: brinca de soltar pipa, andar de bicicleta, jogar bola no campinho…quando vira adolescente, vai e volta muito mais facilmente do que qualquer garota. Resumindo: homem é mais solto na vida.
A mulher é, anatomicamente, pra dentro. Responda pra mim: qual é o primeiro presente que uma menina ganha? Isso mesmo, uma boneca. A bebê ainda está na barriga materna e uma boneca cor de rosa já a espera dentro do berço.
Depois, aprende a cuidar da casa e a cozinhar. Aprende como ninguém, a cuidar do outro, antes de cuidar de si mesma.
Antes que me acusem de ser retrógrada e sexista, devo dizer que muito me agrada ver mulheres pilotando aviões e dirigindo tratores e homens em casa cuidando de filhos. E que tenho certeza que ambos têm capacidades múltiplas, não limitadas pelo sexo. Mas não há dúvidas de que, pelo menos no caso de países latinos, os papéis ainda estão muito bem definidos pelo indoor/ outdoor: homens são pra fora/ mulheres são pra dentro;
8) Homens são mais objetivos; mulheres são detalhistas.
Se você perguntar a um homem o que é uma mesa de jantar, ele provavelmente dirá: “é um móvel quadrado, retangular, oval ou redondo e que serve para se colocar comida, pratos, talheres e copos e ao redor do qual as pessoas se sentam para comer”. Já a resposta feminina poderia ser igual, com o seguinte complemento: “o material desse móvel pode ser de madeira, vidro, inox, pedra, mármore, granito e similares. As cadeiras devem combinar com a mesa e arranjos de flores em cima desta dará um toque especial. O sousplat (moço, você aí que está lendo meu texto, sabe o que é isso? Pronuncia-se “suplá”. Se não souber, dá um Google) deve combinar com os guardanapos e…blá…blá….blá….)
Mulheres cortam 1 centímetro do cabelo e ficam furiosas se os companheiros não notam tão significativa mudança; homens falam cerca de 7 mil palavras por dia e mulheres o triplo: 21 mil; mulheres encontram as amigas e passam o scanner: avaliam a roupa, a maquiagem, a expressão facial, a gordura ou a magreza e se comparam com a interlocutora; homens simplesmente dizem “oi”; homens tem pânico de discutir a relação; mulheres amam uma DR.
Existem muitas outras diferenças entre os sexos, mas, agora, eu gostaria de te ouvir: pela sua experiência, quais mais você acrescentaria?
Ah, última sugestão: se não assistiu, veja Se Eu Fosse Você, com Toni Ramos e Glória Pires. Além de dar boas gargalhadas, acredito que vá florescer em você, o sentimento de empatia, ou seja, “a capacidade psicológica para sentir o que sentiria uma outra pessoa caso estivesse na mesma situação vivenciada por ela. Consiste em tentar compreender sentimentos e emoções, procurando experimentar de forma objetiva e racional o que sente outro indivíduo.”
Até a parte 5….
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